A ciência e a arte encontram-se frequentemente em lugares inesperados — e João Maia, estudante de doutoramento no COMPASS Research Group do CICECO – Instituto de Materiais de Aveiro, é prova viva de como este diálogo pode florescer.
Com um percurso académico inteiramente moldado na Universidade de Aveiro, desde a licenciatura em Biotecnologia até ao mestrado em Biotecnologia Industrial e Ambiental, João Maia aproximou-se naturalmente da área dos biomateriais e da engenharia de tecidos. Esse caminho levou-o ao CICECO, sob a supervisão do João F. Mano e da Rita Sobreiro-Almeida, onde prossegue atualmente a sua investigação doutoral.
Recentemente, o investigador concebeu a imagem de capa da revista Aggregate, destacando investigação na qual esteve profundamente envolvido durante o doutoramento. Para si, este feito representou não só um marco científico, mas também uma oportunidade de expressar criatividade para além dos limites do laboratório:
“Quando surgiu a oportunidade de fazer uma capa sobre um trabalho no qual adorei estar envolvido e do qual aprendi tanto, era impossível recusar. O artigo em si já foi recompensador, e a capa foi apenas a cereja no topo do bolo.”
Para ele, a criatividade não está separada da ciência, mas é parte essencial da mesma:
“A expressão artística e criativa é cada vez mais valorizada na ciência. No COMPASS somos altamente inspirados pela natureza e tentamos sempre replicar a sua perfeição. A criatividade é fundamental para encontrar respostas para problemas reais escondidos nos traços largos da natureza.”
Sublinha ainda que os cientistas são, de certa forma, também artistas:
“Os cientistas são artistas. Podemos não pintar ou esculpir, mas temos uma tela e (materiais muito caros), e tentamos tirar o melhor partido disso para transmitir a nossa mensagem. No fim, quando se trata de mostrar os resultados, a ‘pintura’ é fundamental; as figuras, os gráficos, as experiências, têm de ser mostrados com impacto. A ciência exige arte.”
Este equilíbrio, contudo, não está isento de desafios:
“Não é uma tarefa fácil conciliar uma interpretação artística pessoal com a mensagem que o trabalho científico defende. O meu primeiro desafio foi não optar por capas padrão e arriscar numa abordagem desenhada à mão. A dificuldade foi transformar ideias rebuscadas num esboço aceitável que me agradasse e aos outros, mas que também fizesse jus à narrativa do artigo.”
Para além do reconhecimento, acredita que estas oportunidades contribuem para o crescimento dos investigadores:
“Fazem-nos sair da zona de conforto e explorar formas alternativas de mostrar aquilo em que acreditamos. Absorver críticas e conselhos, ao mesmo tempo que se coloca o trabalho e a expressão pessoal em perspetiva, dá ferramentas e competências transversais a outras áreas do doutoramento.”
E o seu conselho para jovens cientistas é simples, mas ousado:
“Arrisquem. Na ciência, aquela velha máxima de que ‘perdemos todas as oportunidades que não aproveitamos’ é 100% verdadeira. A ciência é arte, e os cientistas precisam de explorar rotas criativas para resolver problemas todos os dias. Porque não deixar a criatividade assumir o controlo e tornar o nosso trabalho tão envolvente quanto possível?”
Concurso Art in Science nas Jornadas CICECO
Inspirado nesta interseção entre criatividade e investigação, o CICECO lança o Concurso Art in Science, uma oportunidade para artistas, fotógrafos e entusiastas explorarem as dimensões estéticas do trabalho científico.
Os trabalhos selecionados serão apresentados nas próximas Jornadas CICECO 2025.
-- Veja os vencedores anteriores: jornadas2024/gallery_photos.html
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