A edição de 2025 do Concurso Individual de Estímulo ao Emprego Científico (CEEC) da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) destacou o CICECO. Doze investigadores foram selecionados em diversas áreas, desde as ciências químicas à nanotecnologia e biotecnologia, evidenciando a amplitude científica e a reputação internacional do CICECO.
Estes contratos oferecem até três anos de contrato de investigação para doutorados, com o objetivo de reforçar o sistema científico português, atrair e reter investigadores altamente qualificados, e proporcionar oportunidades de desenvolvimento de carreira num ambiente altamente competitivo.
Os seguintes investigadores do CICECO foram distinguidos com o CEEC da FCT:
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Sara Fateixa – Investigadora Auxiliar, Ciências Químicas
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Mirtha Alejandra Oliveira Lourenço – Investigadora Auxiliar, Engenharia de Materiais e Nanotecnologia
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Hugo Alexandre Gonçalves da Rocha Fernandes – Investigador Auxiliar, Engenharia de Materiais e Nanotecnologia
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Indrani Coondoo – Investigadora Auxiliar, Engenharia de Materiais e Nanotecnologia
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João Tiago Moniz Fernandes – Investigador Júnior, Ciências Químicas
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Emanuel Augusto Vieira Capela – Investigador Júnior, Biotecnologia Ambiental e Biotecnologia Industrial
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Sara Magalhães da Silva – Investigadora Júnior, Ciências Ambientais
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Jaime González Cuadra – Investigador Júnior, Engenharia de Materiais e Nanotecnologia
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Susana Cristina dos Santos Pinto – Investigadora Júnior, Engenharia de Materiais e Nanotecnologia
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Kiryl Zakharchuk – Investigador Júnior, Engenharia de Materiais e Nanotecnologia
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Cátia Filipa Rodrigues Monteiro – Investigadora Júnior, Engenharia Médica e Biotecnologia
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Jorge Diogo Marques Laranjeira – Investigador Júnior, Ciências Físicas
Por detrás da lista de nomes, existem histórias que ilustram as múltiplas trajetórias que uma carreira científica pode seguir. Conversámos com três dos premiados para exemplificar esta diversidade: os passos do investigador internacional Jaime González Cuadra, a perseverança e criatividade de Sara Fateixa, e o percurso científico consolidado de Mirtha Lourenço.
Um Percurso Científico Consolidado: Mirtha Lourenço
Com licenciatura e mestrado em Química pela Universidade de Coimbra e doutoramento em Ciência e Engenharia de Materiais pela Universidade de Aveiro, Mirtha Lourenço construiu uma carreira na interseção entre química, materiais e sustentabilidade ambiental. Trabalhou em instituições de referência, incluindo o Istituto Italiano di Tecnologia, em Turim, onde desenvolveu materiais à base de carbono para a redução de CO2, e participou em projetos europeus como o NMR4CO2. Atualmente, como Pós-Doutorada no âmbito das Ações Marie Skodowska-Curie, lidera o projeto GRACE no CICECO, focando-se no design de sílicas porosas sustentáveis para captura eficiente de CO2.
O novo contrato representa tanto reconhecimento como responsabilidade: “A minha investigação centra-se em materiais multifuncionais capazes de capturar e converter CO2 em CH4 durante a purificação de biogás”. Reflete a investigadora: “Ser selecionada representa reconhecimento do trabalho árduo e dedicação à ciência ao longo dos últimos anos, especialmente considerando a elevada dificuldade em obter financiamento. No meu painel, por exemplo, apenas 9 posições de Investigador Auxiliar foram financiadas em 60 candidaturas, muitas de investigadores com excelentes CVs e propostas de trabalho de elevada qualidade que, infelizmente, não foram selecionados. Isto faz-me sentir que a minha seleção resulta tanto do trabalho que realizei até agora como de uma boa dose de sorte.”
Quanto ao impacto deste contrato na sua carreira científica nos próximos anos, Mirtha acrescenta: “Neste momento, o meu objetivo é focar-me na investigação, continuar a atrair financiamento, expandir a minha rede de colaborações e desenvolver trabalhos que um dia possam ser reconhecidos como úteis para a sociedade.”
Resiliência e Esperança: Sara Fateixa
Sara Fateixa personifica a resiliência de uma investigadora que navegou por contextos de financiamento competitivo enquanto desenvolvia uma carreira multidisciplinar em nanomateriais, espectroscopia e aplicações sustentáveis. Licenciada pela Universidade de Aveiro, foi a primeira doutorada em Nanociências e Nanotecnologia da instituição. O seu doutoramento sobre compósitos poliméricos para biossensores SERS alcançou reconhecimento internacional, incluindo prémios da Royal Society of Chemistry e do WITec Prize.
O seu pós-doutoramento no CICECO expandiu-se para sensores têxteis aplicados à monitorização da saúde e do ambiente, imagiologia vibracional para farmacêuticos e colaborações internacionais nos EUA, Reino Unido, Alemanha, Noruega e Brasil. Mais recentemente, conseguiu financiamento para investigação pioneira em materiais híbridos 2D para monitorização da qualidade da água.
Sobre o seu percurso, Fateixa destaca a paixão e perseverança: “A minha paixão pela ciência e investigação sempre me manteve motivada. Sempre sonhei em realizar investigação que fosse relevante para a sociedade, trabalho que pudesse fazer a diferença ou melhorar a vida das pessoas. Não consigo imaginar-me a fazer outra coisa que não seja ciência.”
Os seus próximos passos são: “No futuro imediato, o meu foco principal será desenvolver o meu novo projeto, TRACE-CARE (sensores vestíveis para biossensores óticos em aplicações de saúde). Ao mesmo tempo, comprometo-me a expandir as minhas colaborações internacionais e a envolver-me em novos projetos interdisciplinares que se alinhem com desafios científicos e sociais emergentes. Acredito que estas sinergias são essenciais para fomentar a inovação e traduzir a investigação em impacto significativo.”
Sobre os obstáculos enfrentados, a investigadora acrescenta: “O meu conselho é nunca desistir. Mantenham sempre a esperança de que as coisas vão melhorar e permaneçam fortes e dedicados ao que acreditam. O vosso momento chegará!”
Talento Internacional: Jaime Cuadra
Jaime González Cuadra, mais recente reforço do CICECO, representa a nova vaga de talento internacional atraído para a instituição. Formado em Espanha, doutorado na Universitat Jaume I (cum laude e distinção internacional), tem investigado filmes finos de óxidos transparentes para fotocatálise. O seu percurso inclui estadias no Brasil, Itália e Portugal, refletindo um perfil marcado por mobilidade e colaboração internacional.
Agora, como Investigador Júnior ao abrigo do contrato FCT, González Cuadra irá desenvolver geopolímeros impressos em 3D, funcionalizados com óxidos semicondutores, para degradação de poluentes emergentes. “Comparado com trabalhos anteriores em óxidos semicondutores transparentes para aplicações óticas e energéticas, este projeto integra ciência de materiais avançada com sustentabilidade ambiental, abordando desafios globais urgentes para além da otimização de desempenho”, explica Cuadra.
O investigador destaca também a importância de trabalhar em diferentes países: “Cada local proporcionou não só conhecimentos técnicos – desde síntese de nanomateriais a nanotecnologia aplicada e I&D industrial – como também exposição a diversas abordagens culturais na investigação. Estas experiências ensinaram-me adaptabilidade, colaboração interdisciplinar e o valor de abordar problemas científicos de uma perspetiva global e inclusiva.”
Cuadra conclui: “Aproveitem as oportunidades. Fazer investigação no estrangeiro é desafiante, mas recompensador, exigindo resiliência e oferecendo um enorme crescimento pessoal e profissional. Permite aos jovens cientistas integrar colaborações verdadeiramente globais e enriquecer o seu trabalho através da diversidade cultural.”
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