Com a aproximação dos dias de chuva, os casacos impermeáveis voltam a sair dos armários. E com eles, mais um dos confortos que temos a agradecer ao desenvolvimento da química.
A sua origem remonta pelo menos ao Século XIII, aos indígenas da América do sul que cobriam as roupas com látex para os tornar impermeáveis. A ideia foi importada pelos europeus, mas o sucesso não foi imediato: os primeiros impermeáveis eram pesados, desconfortavelmente rígidos e devido ao solvente utilizado para espalhar a cobertura do latex sobre os tecidos eram sobretudo, bastante mal cheirosos.
O desenvolvimento da química de polímeros permitiu que os impermeáveis se fossem tornando cada vez mais leves, flexíveis e inodoros.
Mas, a qualidade mais notável dos impermeáveis modernos é que também permitem a transpiração da pele, isto é, impedem a entrada da água da chuva, mas permitem a saída do vapor de água libertado pela transpiração.
Este efeito é obtido através da criação de estruturas com minúsculos poros, por onde as gotas de água não entram, mas as moléculas de vapor de água (isoladas) podem passar facilmente.
Os modernos tecidos impermeáveis arejados são obtidos com duas camadas de polímeros de propriedades diferentes: uma primeira camada de um polímero microporoso hidrofóbico, ou seja, que repele a água; e uma camada de poliuretano, que fica virada para dentro – mais próxima da pele – que é hidrofílica, ou seja, atrai a água e absorve a humidade que se liberta da pele.
Depois, entra em ação um pouco de termodinâmica: a diferença de temperatura entre o lado de dentro e o lado de fora cria as condições necessárias para que as moléculas de água absorvidas pelo poliuretano sejam empurradas para o exterior.
Se vestir um impermeável e se sentir como se estivesse numa sauna, então é porque ele ainda não está a tirar partido do desenvolvimento da química dos polímeros.