Um revestimento que permite melhor qualidade de impressão em papel de escritório, uma pasta celulósica resistente à humidade e ao fogo, utilizável como material isolante na construção civil, ou ainda um suporte de catalisadores para a purificação de ar poluído, estão a ser desenvolvidos por uma equipa da Universidade de Aveiro. O trabalho de investigação, a decorrer no Departamento de Química da Universidade de Aveiro e no Centro de Investigação em Materiais Cerâmicos e Compósitos (CICECO), já mereceu várias distinções. A última foi o prémio TECNICELPA na XXII Conferência Internacional da Floresta, Pasta e Papel – 2013.
A diferença no rigor da impressão a jacto de tinta, usando um papel comum e outro com revestimento de uma formulação contendo sílica, ao olhar para o gráfico, é evidente. O papel revestido com uma pequena camada à base sílica, de 2-3 gramas por metro quadrado, permite não só um maior rigor na impressão, mas também maior resistência à humidade, sublinha Dmitry Evtyugin (com Inês Portugal, no centro da foto), coordenador da equipa de investigadores e professor do Departamento de Química da UA.
No entanto, esta aplicação, em teste no Raiz-Instituto de Investigação da Floresta e Papel, é apenas um dos novos produtos em desenvolvimento pela equipa que inclui ainda Inês Portugal, também professora no mesmo Departamento, e José Gamelas, investigador auxiliar no Departamento de Engenharia Química da Universidade de Coimbra. Estão a ser testadas novas potencialidades para as formulações com base em sílica e pasta celulósica, nomeadamente para materiais funcionais e biocompósitos. É o caso de um novo isolante térmico e acústico a aplicar na construção civil que, em relação aos existentes no mercado, oferece, de acordo com os testes, elevada resistência à humidade e às altas temperaturas, revelando baixa capacidade de ignição comparativamente aos materiais poliméricos convencionais. Estes híbridos à base de celulose e sílica podem ainda ser usados como materiais de embalagem devido às suas propriedades barreira. Os trabalhos têm vindo a ser financiados pelo PRAI-CENTRO, pela Comunidade Europeia e pelo CICECO.
Recentemente, numa colaboração com o Departamento de Ambiente e Ordenamento da UA, novos híbridos de celulose/sílica dopados com catalisadores oxidativos (polioxometalatos), foram aplicados com sucesso na remoção de poluentes atmosféricos, nomeadamente compostos orgânicos voláteis ou ozono – que podem ser degradados quase a 100 por cento por estes novos materiais. Por outro lado, estes híbridos podem ser usados também como indicadores de poluição, uma vez que mudam de cor em contacto com certos poluentes.
No mais recente encontro científico promovido pela TECNICELPA-Associação Portuguesa dos Técnicos das Indústrias de Celulose e Papel, de 2 a 4 de outubro, em Tomar, estes avanços científicos mereceram o prémio de melhor trabalho. A equipa de Dmitry Evtyugin, Inês Portugal e José Gamelas foi também distinguida com o prémio de melhor comunicação oral. Há quase 10 anos que os prémios não coincidiam na mesma equipa de investigação. Já no encontro científico que decorreu em 2005, a equipa constituída por Carlos Pascoal Neto, Dmitry Evtyugin e Armando Silvestre, fora distinguida com o prémio de melhor trabalho na área.
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