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28 Fevereiro 2024

Mariana Oliveira ganha prémio LEO com projeto de pesquisa dermatológica LAZARUS

Mariana Oliveira ganha prémio LEO com projeto de pesquisa dermatológica LAZARUS

A investigação de Mariana Oliveira, "LAZARUS", é um dos 14 prémios concedidos pelo financiamento da Fundação LEO para investigação dermatológica. A competição atraiu um recorde de 148 inscrições. Na rodada final de subsídios de pesquisa de 2023, 14 investigadores receberam um total de 48 milhões para os seus projetos, todos com o objetivo de ampliar o conhecimento sobre a pele e as doenças cutâneas. Os projetos financiados são altamente diversos em seus focos estimulantes, desde a possibilidade de cicatrização de feridas sem cicatrizes até o tratamento da psoríase durante a gravidez.

O projeto de Mariana Oliveira investiga o potencial de uso de células (MSCs) desvitalizadas como biomateriais imunomodulatórios ou regenerativos diretos ou indiretos para o tratamento de feridas difíceis de tratar ou crónicas. A equipa conta com doutoramentos de Ana Rita Sousa e Ana Filipa Cunha, o professor João Mano e a Dra. Ana Santos-Coquillat. O projeto visa explorar as MSCs como constituintes de biomateriais imunomodulatórios de fácil manuseio prontos para uso e concentra-se no uso destes materiais para tratar feridas de difícil cicatrização, que podem ser crónicas ou propensas a tornarem-se crónicas, se não forem tratadas adequadamente. A esperança é desenvolver tratamentos eficazes para cicatrização de feridas com risco mínimo de efeitos colaterais.

Duas abordagens de tratamento serão exploradas usando agregados de MSC desvitalizadas: (i) o uso direto como biomateriais imunomodulatórios e regenerativos capazes de induzir a deposição de tecido saudável ou (ii) a capacidade de promover imunossupressão localizada. A última abordagem visa enxertos alogénicos cutâneos (ou seja, não próprios) para evitar ou minimizar a ingestão de imunossupressores sistêmicos, associados à propensão a infecções, maior taxa de rejeição de aloenxertos e comorbidades graves.

Espera-se que o facto de não serem administradas células vivas melhore a previsibilidade e a segurança dos dispositivos em comparação com outras terapias baseadas em células. A tecnologia também elimina os riscos relacionados à possível migração celular para locais indesejados ou à ocorrência de mudanças fenotípicas após o implante (por exemplo, perda de características regenerativas ou diferenciação em fenótipos celulares indesejados, o que pode ser particularmente relevante para células altamente plásticas como as MSCs).

A investigadora Mariana Oliveira fala sobre os desafios deste financiamento:

 

- É possível ter uma noção de quanto tempo foi necessário para obter este financiamento. Estamos a falar de quantas horas investidas para quantos euros?

O projeto foi preparado em cerca duas semanas, mas havia muito trabalho anterior considerando resultados preliminares e textos preparados para outros fins. Esta é uma linha de trabalho que tem vindo a ser explorada desde 2020. Diria que são muitas horas de trabalho acumulado por vários membros da equipa, que depois culminaram em duas a três semanas de trabalho mais intenso e focado, para um total de financiamento de cerca de 420 mil euros (para 3 anos).

 

- Quais foram os principais desafios desta candidatura em específico?

Para esta candidatura foi necessário perceber como é que os materiais que propomos, e sobre os quais tínhamos dados mais genéricos, poderiam ser otimizados e aplicados especificamente na área da dermatologia. Acabou por ser um desafio selecionar as especificidades de processamento dos materiais, bem como os métodos de aplicação possíveis, de forma a propor métodos que esperamos que nos ajudem a potenciar o melhor desempenho da nossa tecnologia para uma área com necessidades específicas.

 

- Quais as principais oportunidades que este financiamento traz?

Este financiamento vai permitir explorar uma aplicação mais direcionada dos materiais que temos vindo a desenvolver para múltiplas aplicações relacionadas com a regeneração de tecidos. Esperamos que o conhecimento gerado possa ainda ter valor translacional, visto que as tarefas associadas a este projeto pretendem que nos aproximemos da aplicação da tecnologia com fim terapêutico.

 

- O que é que os papers não dizem? (o que não se sabe e se devia saber na sociedade em geral, sobre um projeto de investigação)

Os investigadores dedicam muito do seu tempo a tentativas de captura de financiamento e, por cada proposta financiada, normalmente existe um número muito maior de propostas que não chegam a ter sucesso. Normalmente a possibilidade de exploração de uma ideia ou aplicações específicas das tecnologias que desenvolvemos está dependente destes recursos financeiros que nos permitem contratar recursos humanos, adquirir consumíveis, bem como equipamentos e serviços necessários. Algumas áreas, como a dos biomateriais terapêuticos, requerem investimentos elevados de um ponto de vista financeiro e do tempo de investigação alocado. Considerando apenas a fase inicial de desenvolvimento destas tecnologias, esta necessidade de investimento deve-se parcialmente à grande dependência da área em trabalho laboratorial, que normalmente necessita de tempos de execução na ordem de meses para a obtenção de resultados. A maior parte dos financiamentos conseguidos nesta área permitem avanços que podem parecer modestos, mas que são de muita importância para a validação de tecnologias promissoras, e que permitem o desenvolvimento de produtos com potencial comercial, bem como a aproximação à aplicação clínica.

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