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2 Agosto 2018

Ecocerâmicas aplicadas na produção de combustível verde

Ecocerâmicas aplicadas na produção de combustível verde

Conseguir, num só projeto, produzir combustíveis renováveis, usar um método limpo que faz uso da cortiça (renovável) e, para além disso, consumir dióxido de carbono, se não está lá, é chegar perto da quadratura do círculo. Foi tudo isso que se conseguiu Robert Pullar, Rui Novais e Ana Caetano no âmbito do projeto H2Cork, do CICECO e Departamento de Engenharia de Materiais e Cerâmica da Universidade de Aveiro (UA), em parceria com equipa do Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG) e do PROcédés, Matériaux et Énergie Solaire (PROMES).

Tendo como objetivo a produção de combustíveis renováveis, mais concretamente, o hidrogénio, uma equipa de investigadores criou um material - ecocerâmicas de cério à base de cortiça – que foi utilizado como catalisador para a separação do dióxido de carbono utilizando apenas luz solar concentrada.

As ecocerâmicas apresentam uma estrutura alveolar que replica a estrutura da cortiça que serve, digamos, de molde. A cortiça é sujeita a pirólise, ou seja, decomposição através de alta temperatura e ausência de oxigénio, formando-se uma estrutura de carbono que é posteriormente infiltrada com uma solução cerâmica gerando, após um ciclo térmico, um catalisador cerâmico de óxido de cério (CeO2). Este material extremamente leve e poroso pode então ser utilizado como catalisador para a produção de combustíveis renováveis através da ação do sol (que promove a redução do cério a temperaturas próximas de 1400 ºC, só possível em equipamentos especiais, como o do PROMES). A posterior oxidação deste material, que pode ser obtida pela injeção de CO2, permite separar o CO2 em monóxido de carbono e oxigénio, os quais podem ser usados para a produção de combustíveis renováveis.

No caso da injeção com vapor de água, este método permite obter hidrogénio e oxigénio, sendo o hidrogénio, como se sabe, um combustível renovável. O estudo para a obtenção de hidrogénio está ainda a decorrer, depois do sucesso obtido no caso do dióxido de carbono já divulgado no Journal of of CO2 Utilization (edição de junho de 2018) - https://doi.org/10.1016/j.jcou.2018.06.015.

Robert Pullar, o coordenador do trabalho, assegura que o catalisador desenvolvido neste âmbito é duas vezes mais eficiente na separação de dióxido de carbono do que os substratos poliméricos não sustentáveis. Rui Novais, membro da equipa sublinha a sustentabilidade de todo o processo: uso de cortiça, um recurso renovável e natural, para obtenção de uma espécie de molde, as ecocerâmicas que funcionam como catalisador da reação, a fonte de energia que é renovável (sol) e, finalmente, a produção de um combustível renovável.

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