José Maria Ferreira, investigador do CICECO e do Departamento de Engenharia de Materiais e Cerâmica (DEMAC) da Universidade de Aveiro (UA), é o mais recente membro da Academia Mundial de Cerâmicas e, com isso, tornou-se a partir desta semana no único português a ser convidado para fazer parte de um grupo constituído pelos melhores cientistas do mundo na área. Os estatutos da Academia, constituída por cerca de 200 membros, permitem apenas abrir as portas aos investigadores cujo trabalho constitui “uma notável contribuição internacional para o avanço da cerâmica”. A Academia Mundial de Cerâmica foi fundada em 1987 e é um centro de excelência para a comunidade científica internacional que promove o progresso tecnológico no campo da cerâmica.
“Fico muito satisfeito com este convite para fazer parte de um grupo onde estão as pessoas mais conceituadas ao nível mundial na área dos materiais cerâmicos”, congratula-se José Maria Ferreira que reconhece: “Temos vindo a fazer um ótimo trabalho nessa área ao longo dos anos”.
Coordenador do Grupo de Materiais de Processamento Avançado de Materiais Cerâmicos do DEMAC, José Maria Ferreira tem como principais alvos de trabalho o processamento de materiais cerâmicos, vítreos, vitrocerâmicos e compósitos, com enfâse especial no desenvolvimento de substitutos ósseos sintéticos para aplicações na regeneração óssea em ortopedia e medicina dentária, na engenharia de tecidos e na libertação controlada de fármacos.
“Ainda recentemente o meu grupo escreveu um artigo que foi publicado no Jornal da Sociedade Europeia de Cerâmica e que desfaz uma série de mal entendidos que havia sobre o processamento de materiais funcionais em meio aquoso”, aponta o investigador que não tem dúvidas: “Nisso estamos na vanguarda mundial”.
“O nosso interesse é adaptar o conhecimento para produzir materiais específicos que possam substituir pela sua qualidade e baixo preço os que já existem no mercado”, aponta o investigador.
Exemplo disso é o material vitro-cerâmico que pretende substituir os que atualmente são usados na produção de coroas dentárias. Produzido a partir da cristalização controlada de compostos vítreos, para além de abrir as portas à descida dos preços na hora de recompor os dentes, já que tem um processo de produção simplificado, este material desenvolvido na UA bate na qualidade as coroas dentárias que os dentistas têm hoje à disposição.
Material para substituir os ossos
Os cimentos de fosfato de cálcio injetáveis produzidos também pela equipa de José Maria Ferreira a pensar na substituição de ossos, na reparação de fraturas e na cimentação de próteses ósseas, é outro dos exemplos dos trabalhos do investigador que cativaram a admiração da Academia Mundial de Cerâmicas. “Conseguimos obter excelentes resultados de injectabilidade com metade do líquido que é usada nos cimentos que estão no mercado e sem o problema da separação entre sólidos e líquidos”, aponta José Maria Ferreira. O investigador explica que “quando se injeta o material, a primeira parte que sai da seringa vem enriquecida em líquido e partículas finas e as grossos ficam lá dentro empacotadas e já não fluem”. Pelo contrário, “os cimentos da UA não têm esses problemas”.
Também ao nível dos bio-vidros o investigador desenvolveu dos “melhores que há no mundo”. “Os nossos têm a capacidade de desenvolver uma camada de hidroxipatite carbonatada, o composto que faz a ligação entre o implante e os tecidos vivos, ao fim de uma hora de imersão em fluído fisiológico simulado”, revela José Maria Ferreira.
“Os nossos bio-vidros são facilmente processáveis em água e com isso podemos atingir suspensões com uma concentração de sólidos em 60 por cento em volume, o que é o dobro do que se consegue obter com o bio-vidro mais popular que está no mercado”, explica o docente do DEMAC e investigador do Centro de Investigação em Materiais Cerâmicos e Compósitos da UA. Este material com o selo da UA tem grandes vantagens quando o assunto é a regeneração de ossos.
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