Uma nova espuma, criada a partir do crude glicerol que é um subproduto do biodiesel, está a ser testada de várias formas a partir de um projeto do CICECO e já provou um prometedor grau de isolamento térmico e acústico e boa resistência ao fogo. A apresentação, sobre a resistência desta nova espuma ao fogo, no congresso International Conference on Materials Science & Technology (ICMTech -2016) da International Association of Advanced Materials (IAAM) que decorreu na Índia mereceu o “Young Scientist Award”.
Espumas a partir do crude glicerol utilizado sem pré-tratamento que resulta da produção do biodiesel está a ser testado no âmbito de uma tese de doutoramento do CICECO e do Departamento de Química da UA, para diversas aplicações. A grande novidade aqui é o uso do crude glicerol, precisamente, sem pré-tratamento, o que resultou no patenteamento do processo. As aplicações já existem no mercado para o glicerol mas em estado puro e sujeito a pré-tratamento com os custos que estão associados a este processo químico.
Os ácidos gordos e ésteres metílicos que aparecem associados ao glicerol como subproduto do biodiesel e que são extraídos no pré-tratamento, são até favoráveis na homogeneização da estrutura, defende Nuno Gama que desenvolve a tese de doutoramento sob orientação de Artur Ferreira, diretor da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda (ESTGA), e de Ana Margarida Barros, professora do Departamento de Química da UA, ambos investigadores do CICECO.
Três das propriedades testadas nesta nova espuma foram o isolamento térmico, o isolamento acústico e a resistência ao fogo, propriedades valorizadas na aplicação da espuma à construção civil. No caso da resistência ao fogo, os resultados foram apresentados no âmbito do congresso da International Association of Advanced Materials (IAAM), em Deli, Índia, no início do mês de março, e valeram a Nuno Gama o “Young Scientist Award” que distingue a melhor apresentação de um jovem cientista no congresso.
Espuma que retarda as chamas
A comunicação apresentada na Índia mostra como a adição de grafite expandida ao glicerol não purificado resulta numa espuma que retarda a expansão do fogo, ao contrário do que acontece da espuma de poliuretano atualmente usada no isolamento dos edifícios. A adição de grafite expandida cria uma película que dificulta a reação com o oxigénio e a transferência de calor, resultando em menos calor e menor quantidade de fumo libertada.
No trabalho realizado para a tese de doutoramento a espuma foi ainda testada em diversas outras vertentes, como por exemplo, quanto à resistência mecânica e dureza e ao comportamento no isolamento acústico. A este respeito, os resultados apresentados num encontro científico que decorreu na Suécia, em 2015, mostraram um comportamento igual ou melhor aos de materiais existentes no mercado. Neste caso, foram testadas espumas com concentrações variáveis do crude glicerol não purificado e de outro poliól resultante da liquefação de borras de café. A espuma constituída por uma concentração superior de crude glicerol correspondeu a um maior coeficiente de absorção acústica a altas frequências e a outra, com maior concentração do poliól resultante da liquefação de borras de café, mostrou ser mais eficaz na absorção de baixas frequências.
O trabalho decorre no âmbito do projeto CICECO e com a parceria da Sapec Química.
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