
Grupo de investigação identificou alterações no metabolismo das células tumorais durante a evolução do carcinoma da mama que podem abrir portas à compreensão das várias fases de evolução desta doença para estádios mais agressivos e, em última análise, a tratamentos mais eficazes. O estudo, apresentado no encontro internacional “2019 Advanced Course in Oncometabolism: From Conceptual Knowledge to Clinical Applications”, no início de setembro, no Luso, foi distinguido com o terceiro prémio de melhor poster.
Os resultados obtidos são um contributo para desvendar as vias metabólicas na progressão do carcinoma da mama do tipo luminal que leva à formação de tumores resistentes à terapia antitumoral. Tal consegue-se medindo um grande número de tipos e quantidades de compostos, ou metabolitos (estratégia chamada Metabolómica), que podem caraterizar as várias fases da progressão do carcinoma. A maioria dos casos de cancro da mama depende das hormonas ováricas e cerca de metade desses casos desenvolve resistência às terapias de primeira linha (terapia hormonal) que visam bloquear os efeitos destas hormonas, embora as doentes possam ser tratadas com outras terapias (denominadas de segunda linha).
As alterações metabólicas foram, neste trabalho, identificadas usando espectroscopia de Ressonância Magnética Nuclear (ou RMN) para medição de metabolitos de tumores mamários obtidos a partir de um modelo em murganho (espécie de rato). O modelo animal usado, no âmbito de uma colaboração com um grupo de Buenos Aires (liderado por Claudia Lanari), ilustra muito de perto a progressão do cancro da mama dependente de hormonas em humanos, afirma Rita Araújo, primeira autora do estudo e doutoranda da UA, incluindo o desenvolvimento de resistência à terapia hormonal. Este doutoramento em RMN aplicada à Química, Materiais, Biociências, financiada pela Rede Portuguesa de RMN (PTNMR), decorre sob orientação de Ana Gil, professora do Departamento de Química da UA e investigadora do CICECO-Instituto de Materiais de Aveiro, e coorientação de Luisa Helguero, professora do Departamento de Ciências Médicas e investigadora do Instituto de Biomedicina da UA (iBIMED).
O próximo passo no estudo passará por avaliar quais as vias metabólicas alteradas aquando da aquisição de resistência à terapia para investigar como as células tumorais resistentes poderão conseguir ultrapassar os danos resultantes e, assim, reverter (pelo menos em parte) a resistência à terapia. Serão ainda analisados os perfis metabólicos de vários órgãos dos mesmos animais para avaliar o comportamento global do organismo (incluindo presença de metástases) em cada fase da progressão. Numa fase posterior, será necessário confirmar os resultados em tumores humanos com o objetivo de propor um biomarcador de resposta à terapia hormonal.
Mais informações: https://oncometabolism2019.febsevents.org/
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