Trata-se de uma nanoferramenta que junta nanopartículas de ouro, cuja finalidade é libertarem calor ao absorverem luz infravermelha (nanoaquecedores), e nanocilindros de óxidos de metais lantanídeos. Estes últimos elementos emitem luz visível cuja intensidade varia com a temperatura (nanotermómetros).
A nanoplataforma da UA constitui um avanço tecnológico único no mundo porque permite medir com grande precisão, à escala do nanómetro, o aumento de temperatura provocado pela absorção de luz infravermelha pelas nanopartículas metálicas de ouro.
O aquecimento local causado pela absorção de luz por nanopartículas de certos metais tem inúmeras aplicações em sensores fotovoltaicos, na libertação controlada de fármacos e em hipertermia. Nesta forma de terapia são usadas nanopartículas, por exemplo de ouro, que após administração ao paciente se acumulam nas células de certos tumores. A irradiação desses tecidos com luz infravermelha e a sua absorção pelas nanopartículas provoca, por aquecimento, a morte das células tumorais.
É, pois, importante medir a temperatura local das nanopartículas evitando, nomeadamente, que o calor libertado destrua também células benignas. Reside aqui a principal novidade do trabalho dos investigadores do Centro de Investigação em Materiais Cerâmicos e Compósitos (CICECO) da academia de Aveiro: a nanoferramenta, que inventaram, abre a perspetiva de simultaneamente se poder aquecer e medir a temperatura das células. É esta possibilidade que o grupo investiga presentemente.
Luís Dias Carlos espera que a nanoferramenta da UA, num amanhã não muito longínquo, "seja direcionada exatamente para célula malignas destruindo-as através de calor, controlando o aumento de temperatura, sem necessidade do doente ter de recorrer às terapias convencionais que acabam também por afetar células saudáveis". Mengistie Debasu, Duarte Ananias e João Rocha são os restantes investigadores da UA que desenvolveram o novo dispositivo que vai estar descrito num artigo que faz a capa do próximo número da prestigiada revista Advanced Materials.
A nanoferramenta ainda não foi testada em células. A equipa de investigação da UA procura agora dar os próximos passos: testes em células laboratoriais e, posteriormente, em animais.
O trabalho da UA teve parcerias das universidades espanholas de Vigo e de San Sebastián.
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